terça-feira, julho 02, 2013

O homem sem qualidade

Portanto, não se de valor com os nomes das cidades. como todas as cidades grandes era feita de irregularidades, mudança, avanço, passo desigual, choque de coisas e acontecimentos, e, no meio disso tudo, pontos de silêncio, sem fundo, era feita de caminhos e descaminhos, de um grande pulsar rítmico e do eterno desencontro e dissonância de todos os ritmos como uma bolha fervente pousada num recipiente feita da substância duradoura das casas, leis, ordens e tradições históricas.

sexta-feira, janeiro 11, 2013

Crime e Castigo

            A História é a glorificação do homem extraordinário, aquele acima das leis e dos códigos morais, seus atos se justificam não aos seus contemporâneos , mas as gerações futuras que farão do presente ato criminoso códigos de conduta futuros. Infelizmente é para isso que serve a História.

segunda-feira, janeiro 07, 2013

Assassins Creed II

      Fica evidente que o terceiro livro da série, é marcado pela influência da teoria de Maquiavel presente no seu livro o Príncipe.


        O poder do Papa Alexandre VI, ou Rodrigo Bórgia, a ponto de influenciar em uma das decisões mais importantes da modernidade a divisão entre o velho e o novo mundo


          Formação da Guarda Suiça;


sexta-feira, dezembro 21, 2012

Assassins Creed





"Ezio descobriu que a escultura a ser inaugurada era uma estátua de bronze de Davi, o herói bíblico com quem Florença se identificava, uma vez que a cidade estava situada entre dois Golias - Roma ao sul e os reis da França, famintos por terra, ao norte. Havia sido encomendada pelos Médicis e deveria ser instalada no Palazzo Vecchio. O mestre começara a trabalhar nela trêsou quatro anos antes, e havia um boato de que o rosto tinha sido modelado com base em um dos mais belos jovens aprendizes de Verrocchio na época - um certo Leonardo da Vinci."

 
Veneza, La Sereníssima, alheia ao resto Itália e com frequência mais voltada ao Oriente do que ao Ocidente, tanto por causa do comércio quanto por apreensão, pois naquela época os Turcos Otomanos dominavam até a costa norte do Mar Adriático. Falou da beleza e da traição em Veneza, da dedicação da cidade a fazer sua construção estranha – uma cidade de canais abertos a partir dos pântanos e erguida sobre uma fundação de milhares de colunas enormes de madeira -, de sua independência feroz e de seu poder político: não fazia nem trezentos anos que o doge de Veneza havia empreendido uma cruzada inteira a partir da Terra Sagrada para servir seus propósitos, acabar com toda a competição comercial e militar e a oposição à sua cidade-estado e deixar o Império Bizantino de joelhos. Falou dos locais afastados, secretos e sombrios, dos palazzi iluminados por velas, do curioso dialeto italiano que era ali falado, do silencio que pairava, do esplendor  berrante, dos magníficos pintores – e de quem o príncipe era Giovanni Bellini, que Leonardo estava louco para conhecer  -, da musica, dos festivais de máscara, da capacidade que os moradores tinham de aparecer e se mostrar, de sua maestria da arte de envenenar.

Veneza em 1481, sob o governo estável do doge Giovanni Mocenigo, era no geral um bom lugar para se estar. A cidade estava em paz com os Turcos e prosperava, as rotas de comércio marítimas e terrestre eram seguras, e apesar de as taxas de juros serem confessamente altas, os investidores eram confiantes e os poupadores estavam satisfeitos. A igreja ali era abastada, e os artistas prosperavam sob o duplo patrocínio de patronos espirituais e laicos. A cidade, rica graças ao saque volumoso a Constantinopla depois da Quarta Cruzada, que fora desviada do seu verdadeiro objetivo pelo doge Dandolo, deixara Bizâncio de joelhos  exibia sem vergonha a pilhagem: os quatro cavalos de bronze disposto ao longo da fachada da Basílica de São Marcos eram apenas os itens mais óbvios.

Toda a liberdade de oportunidade só leva a mais crimes! Precisamos garantir que o Estado controle todos os aspectos da vida das pessoas, que ao mesmo tempo deixe em paz os banqueiros e os investidores particulares. Dessa forma a sociedade poderá florescer. E, se aqueles que forem contra tiverem de ser silenciados, então é o preço do progresso. Os assassinos pertencem a uma época que já passou. Não percebem que é o Estado que importa, não o indivíduo.
"Como é tão vã toda nossa esperança,
como uma falácia nossos planos em desnudo,
como no mundo reina a ignorância
nos mostra a Morte, mestra de tudo.
Para uns o dia passa em canto, torneio e dança,
uns dedicam talento às artes e estudo,
uns desdenham o mundo e suas coisas em andanças,
outros transformam o sentimento em algo mudo.
Pensamentos e desejos vãos de diversa sorte
pela sabedoria que a Natureza afigura
predominam no mundo errante:
toda coisa é fugaz e pouco dura,
tanto a fortuna quanto o mal constante.
Uma coisa permanece sempre mensura: a morte."
Lorenzo de Medici

segunda-feira, novembro 05, 2012

Historia da morte no Ocidente

       No período do paganismo a morte era afastada, exemplo, no Egito os mortos eram enterrados na margem oeste do rio Nilo. Na Roma Antiga os mortos eram afastados da urbs, é dessa época a origem da palavra cemitério, fazer deitar. Contudo foi no feudalismo que houve a aproximação com os mortos, os cemitérios eram extensões das igrejas, onde os mortos jaziam em valas comuns sob mortalhas individuais, com o tempo os ossos apareciam e alguns eram recolhidos, a mioria ficava ao relento servindo de adorno às festas sazonais.
      É quando ocorre a valorização da propriedade privada que surgem os túmulos, mais provavelmente no século XVIII, a morte passou da representação do momento do julgamento entre o bem e o mal para uma adoração do outro. A morte no século XVIII é fortemente marcada pelo Romantismo, "a complacência para a ideia da morte" (ARIES, Philippe, 2012, p.70). O seculo XVIII é a laicização do testamento que passou a ser meramente um distribuidor de bens materiais.

quinta-feira, agosto 09, 2012

On the Road - Jack Kerouac



Com uma narrativa livre, o livro On the Road convida o leitor a viajar pelos Estados Unidos do final da década de 40, em um ambiente pós guerra, com uma intensidade comparado ao Jazz bebop tão citado. A década de 50 despontava no horizonte com a política de bem estar do presidente Harry Truman, é comum  os “vagabundos” Dean Moriarty e Sal Valentine dizerem “é preciso diminuir o custo de vida” ao furtar cigarros e bebidas de uma loja de conveniência.
Apesar de citar cidades inóspitas, passar fome, frio é o México que eles descrevem como selvagem, porém com um povo alegre e gentil, típica impressão dos países tropicais.
O que me fez ler o livro foi o filme que assisti. O final do filme é odioso o do livro é dramático.
Uma excelente história de humanos em todos os sentidos, com pessoas comuns, que pode ser eu, você ou qualquer um. 

Alguns trechos:
 "E me arrastei, como tenho feito em toda a minha vida... indo atrás das pessoas que me interessam... porque os únicos que me interessam são os loucos... os que estão loucos pra viver, loucos pra falar... que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e não falam obviedades... mas queimam, queimam, queimam como fogos de artifícios no meio da noite."

   "Não há lugar algum para ir, senão a todos os lugares"
  
  "O que Deus estava pensando ao fazer a vida tão triste assim"
  
"Gosto de muitas coisas ao mesmo tempo e me confundo inteiro e fico todo enrolado correndo de um destino falido para outro até desistir. Eu não tenho nada a oferecer a ninguém, a não ser minha própria confusão" 

"Quando começam a separar as pessoas de seus rios, o que é que nos resta? Burocracia." 
  
"Que tipo de sentimento é esse, quando você está se afastando das pessoas até que elas, ao longe, na planície, você só consegue distinguir miniparticulas se dissolvendo na vastidão do infinito? É o mundo nos engolindo, é a despedida." 

"O anonimato no mundo dos homens é melhor do que a fama no céu" 

"Instantaneamente estávamos no deserto e não se via uma luz ou um carro durante oitenta quilômetros de planícies e justamente nessa hora, a aurora despontava sobre o Golfo do México silhuetando os cactos yucca e imensos cactos solenes como orgãos de igreja. Como é selvagem esse país."





sexta-feira, julho 20, 2012

laissez-faire laissez-passer le monde va de lui-même


Baixou um espírito estranho em mim nesse mês de julho, como se por escolhas involuntárias quisesse retornar ao mesmo tempo a um período vivido e outro esquecido, como se eu pudesse, ao menos nesse mês experimentar um sentimento de esquecimento e liberdade.
 
As escolhas não foram planejadas e nem vieram por meio de livros, foi primeiro a música e depois o cinema, no final era os dois juntos. Tudo começou com exibição do show do Criolo, a impressão que tive da música, de todo conjunto, era a reunião de todas as influências musicais que talvez o Criolo tivesse ouvido em sua adolescência e infância, e que por uma inconsciência, passaram a ser as minhas influências. Exemplo sabe quando você é criança e está dormindo e é acordado pelo som do vizinho, em seu ouvido insensível isso passa sem atenção, mas nos ouvidos do Criolo parecem que “fotografaram” esse tipo de música, todas as influencias condensadas. 
 
 O outro momento foi quando resolvi assistir novamente, "O Fabuloso destino de Amélie Poulain", tudo é tão simples, pueril e engraçado, a desatenção com os prazeres realmente verdadeiros. Contudo a trilha sonora do filme, composta por Yann Tiersen, é o meio, é o interregno, é o período necessário para se sentir bem, nostálgico, letárgico. 
 
As férias não tinham chegado à sua segunda semana, quando aluguei Into the Wild, não sei por que demorei tanto para assistir esse filme? Deve ser essa força essencial a tudo, chamado acaso, que impediu que eu tivesse acesso anteriormente, mas também lavei a alma, assisti três vezes antes de entregar, o filme é uma tragédia grunge, com seu herói virtuoso, impecável, sua jornada é tomada por dor, sofrimento, alegria e morte. O filme só é perfeito pela trilha sonora que o acompanha de autoria de Eddie Vedder. Não consigo tirar a letra da minha cabeça. “É uma mistério para mim. Que há uma ganância comum a todos, quanto mais se tem mais se deseja ter, e que isso não significa estar-se livre.” É fantástico.
  
Para concluir essa minha experiência visual e auditiva libertária, fui no cinema assistir On the Road, que traz o jazz bebop, o território continental dos Estados Unidos  e suas estradas como desafio imediato transformando aquele que quisesse percorrê-lo. Aparecem os desejos, o corpo, a sexualidade de toda uma geração beatnik e o melhor pensamento extraído do filme; "E me arrastei, como tenho feito em toda a minha vida... indo atrás das pessoas que me interessam... porque os únicos que me interessam são os loucos... os que estão loucos pra viver, loucos pra falar... que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e não falam obviedades... mas queimam, queimam, queimam como fogos de artifícios no meio da noite." Pequenos são os espaços do tempo, pequeno é o desejo para se conseguir o que quer. Grande são as imposições, obrigações e funcionalidades. Mas vale e valeu nesse curto intervalo ter revivido um desejo antigo da humanidade, o de se sentir livre.
 É incrivel como o lema que batizou o sistema capitalista, laissez-faire laissez-passer, também pode ser usado como um bisturi, tentando romper as amarras que todos dias nos faz refém, do bem, do capital, do acúmulo e do salário.