segunda-feira, dezembro 20, 2010

Antigüidade Oriental

AS CIVILIZAÇÕES DOS GRANDES VALES FLUVIAIS

    A história da civilização ocidental teve origem no Oriente, há mais de cinco mil anos. Nessa região alguns povos, já sedentarizados, haviam descoberto a escrita, desenvolvido formas complexas de sociedade e atividades organizadas de trabalho, produzindo notáveis obras artísticas, organizando governos com estruturas bem definidas e leis que disciplinavam a vida e os interesses das comunidades. A complexidade de suas culturas permite aos historiadores chamá-las de "grandes civilizações". Seria o oriente médio, portanto, o "berço da civilização ocidental"?

A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA
    O Egito antigo, no geral, foi território relativamente fechado durante milênios, de sorte que não sofreu muitas invasões dos povos que permaneciam nômades. Isolados, protegidos ao norte pelo Mar Mediterrâneo, à leste e à Oeste pelos desertos e ao sul pelas cataratas do Nilo, os egípcios criaram uma grande cultura, notável pela sua originalidade e conservadorismo

ASPECTOS GEOGRÁFICOS

      O nordeste da África é uma região seca e desértica. Mas, o Nilo, nascido no centro do continente, cruza o deserto em busca do Mediterrâneo. Em suas margens, de solo muito fértil, a presença humana, em grande número, é possível.
    O regime cheias do reio está associado às chuvas nas cabeceiras do Nilo. Certamente, no Egito as cheias eram, e ainda são relacionadas com as boas colheitas e prosperidade. Essa ciclotomia, ou seja, enchentes e vazantes anuais que se repetem, contribuiu decisivamente para a formação de uma civilização original. O calendario era uma consequência do regime do rio, cujas águas alcançam maior volume por volta de junho, quando os sedimentos férteis (húmus) são depositados nas margens. Aos camponeses cabia a tarefa de aproveitá-las, cultivando o solo, num modo de via tradicional.
EGITO PRÉ-DINASTICO
         
     O Nilo favoreceu a sedentarização dos grupos humanos. O volume e a perenidade de suas águas facilitaram a abertura de canais de irrigação, ampliando as áreas cultiváveis. As comunidades primitivas (nomos), agrupamento de famílias, possuíam um chefe (o nomarca) que organizava e administrava o trabalho coletivo.
    O crescimento populacional, a multiplicação, a multiplicação das comunidades, a facilidade de transportes e comunicações pelo Nilo estimularam a união dos nomos, surgindo assim com o decorrer do tempo dois reinos: o do Norte (Delta do Nilo ou Baixo Egito) e o do Sul (Vale do Nilo ou Alto Egito), que lutaram pela hegemonia política. Menés, rei do Alto Egito, derrotou seu rival do Norte e unificou o país por volta de 3200 a. C., pondo sobre sua cabeça a dupla coroa, branca e vermelha, e estabelecendo a capital do reino em Mênfis. Iniciava-se a administração unificada do Egito Antigo, cuja história pode ser dividida em três grandes períodos: Antigo Império, Médio Imperio e Novo Império, com fases intermediárias.

ANTIGO IMPÉRIO

    Durante esses período, os egípcios viveram em isolamento quase total dos outros povos. O faraó detinha o poder máximo, considerado um juiz supremo, encarnação de Hórus, filho de deus Rá. Sua existência era fundamental, pois até ordenava que o Nilo "nascesse e renascesse". É desse período a construção das famosas pirâmides de Queops, Quéfrem e Miquerinos, nomes de importantes faraós.
    Uma poderosa nobreza fundiária (descendentes dos antigos nomarcas) cooperava na administração e exploração dos camponeses. Os nobres apoiaram o poder do Faraó até o momento em que lhes garantiu uma posição social. Mas, quando se sentiram suficientemente seguros e fortes, passaram a disputar o poder ocorrendo um período de anarquia, que pôs fim ao Antigo Império.


MÉDIO IMPÉRIO
    Com o apoio da classe sacerdotal de Tebas, temerosa do poder da nobreza, uma nova dinastia passou a governar a partir dessa cidade. Restabelecida a ordem interna, a produção agrícola se expandiu po causa da ampliação de canais de irrigação. O Egito tornava-se o celeiro do Oriente Médio, rompendo seu isolamento tradicional. O comércio, interno e externo, se tornava bastante ativo, quer na bacia do Nilo, quer no Mediterrâneo.
    Mas a prosperidade cobrou seu preço: atraiu povos asiáticos, guerreiros e nômades, que invadiram o Egito. Um povo semita invadiu e ocupou o país: os hicsos. Dotados de armamento de ferro, de ousadas táticas militares e de cavalos, animais desconhecidos no Egito até então, os invasores derrotaram as forças do faraó e dominaram o país. O domínio hicso facilitou o estabelecimento de judeus na região, por serem também semitas.

NOVO IMPÉRIO
    Por volta de 1500 a. C., os hicsos foram expulsos, restaurando-se a independência política do Egito. Mas havia uma nova realidade. Os egípcios aprenderam a arte de guerrear. Iniciava-se a época da expansão territorial. As fronteiras do império foram ampliadas e povos conquistados, formando-se um grande império. A economia assumia um caráter dinâmico, com a intensificação do comércio urbano no delta do Nilo, e relações economicas com a Fenícia e a Mesopotâmia.


A REFORMA MONOTEÍSTA DE AMENÓFIS
   O perigo do poder cleical era imenso. Rivalizava com o do faraó. Em muitas ocasiões até o sobrepunha. Contra o politeísmo tradicional e a ameaça do clero levantou-se o faraó Amenófis IV que determinou o fechamento de muitos templos e distribuiu as terras pertecentes ao clero. Instituiu o culto a um único deus, Atón (Sol), considerado a primeira religião monoteísta do mundo. Organizou uma primeira classe sacerdotal, a ele subordinada, e adotou o nome da Aquenáton, ou seja, o filho de Aton. A arte logo refletiu essa mudança: liberada da influência sacerdotal tradicional, a pintura passou a retratar com mais realidade os modelos, ganhando movimentos, leveza e graciosidade. Uma verdadeira revolução cultural.
    Com a morte do faraó Aquenáton, a reforma não se manteve. O clero voltava ao poder, reassumindo o controle do Estado. Grandes templos, então, foram construídos em Luxor e Karnak.
    Por volta de 670 a.C., os assírios, oriundos da Mesopotâmia, invadiram e conquistaram o Egito. Expulsos, um novo governo independente se instalou na cidade de Saís, no delta do Nilo.
    Mas a autonomia dos egípcios estava definitivamente comprometida em consequência da sua riqueza. Novas invasões se sucederam: os persas em 525 a.C., os macedônicos em 332 a.C., e os romanos em 30 a.C.


SISTEMA SOCIOECONÔMICO
    A sociedade se dividia entre os que se apossaram das terras e aqueles que tinham apenas a força de trabalho. As melhores terras ficaram sob controle dos mais fortes militarmente (nobreza) que, sob a proteção dos sacerdotes e dos deuses, controlavam os trabalhadores.
     O topo da pirâmide social era ocupado pelo faraó e sua família. Considerado inicialmente descendentes dos deuses, chegou as ser um deles, identificado, ao longo do tempo, ora com Hórus, ora com Amon-Rá e, até mesmo, com Osíris, deus considerado o fundador do Egito. Os sacerdotes fortaleciam o poder do faraó, ocupando, assim, uma posição privilegiada com a nobreza fundiária. Os funcionários, como os escribas, "os que sabiam ler e escrever", demarcavam propriedades, conferiam a produção e o armazenamento dos cereais (trigo e cevada), controlavam os rebanhos e coletavam os impostos dos camponeses.
    Os camponeses formavam uma grande camada popular, encarregados de arar a terra, semear, cuidar da plantação, colher, abrir canais, construir reservatórios. Na época de menor necessidade de mão-de-obra na lavoura, boa parte dela era empregada na construção de monumentos. Os escravos eram pouco numerosos, pois as guerras eram raras, pelo menos até o Novo Império.


O POLITEÍSMO EGÍPCIO
    A origem da religião egípcia se iniciou no período pré-dinastico quando havia uma série de cultos dedicados aos totens. Cada nomo tinha o seu protetor. À medida que os nomos se agrupavam, o número de deuses crescia. Deuses animais (zoomórficos), com forma meio humana meio animal (antropozoomórficos), e forma humana (antropomórfico), ocuparam o imaginário religioso egípcio antigo, como Anúbis, com cabeça de chacal sobre o corpo humano, ale´m de elementos da natureza, como Set (vento), Osíris (o Nilo), Rá (o Sol).
    Acreditavam em um Juízo Final, quando Osíris colocaria em uma balança o coração do morto para julgar seus atos.
    A religião egípcia mandava que se conservassem os corpos dos grandes (mumificação). Já os do povo, não era possível passarem pelo mesmo processo. Eram as múmias parte do Culto dos Mortos, tão acentuado na vida desse povo. Seguiam-se à morte as cerimônias funebres, que terminavam com a colocação das múmias em sarcófagos. Era um complicado processo de embalsamento do corpo, uma preparação do invólucro terreno da alma, visando conservá-lo à sua espera. A mumificação propiciou, por outro lado, um grande conhecimento de anatomia, até hoje admirado.

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