domingo, junho 19, 2011

História Moderna


A FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL

        Muitos povos invadiram e ocuparam a península Ibérica, devido à sua localização e configuração geográficas. Os iberos a ocuparam a partir do terceiro milênio a. C. Por volta do século VI a. C., houve a invasão dos Celtas, originando a cultura celtibera.
Comerciantes fenícios e gregos, também a partir dessa época, fundaram feitorias no litoral da península, para a toca de produtos (escambo). Interessavam a eles principalmente os minérios em abundancia na península. Durante as guerras entre Cartago e Roma (século III e II a. C.), a península foi invadida e dominada pelos romanos. A região que hoje corresponde a Portugal foi ocupada após duras lutas contra os lusitanos, um povo celtibero.
Incorporada ao domínio romano como Província Hispânica, na península ocorreu um rápido e profundo processo de romanização (administração, comércio, língua, costumes, legislação, aparelhamento urbano).
O enfraquecimento do Império Romano, a partir do século III, facilitou a penetração inicialmente pacífica e posteriormente violenta dos bárbaros.
A península Ibérica foi invadida, a partir do século V, pelos vândalos, suevos, alanos e, finalmente, visigodos. Paralelamente, consolidava-se a cristianização desses povos, por meio de trabalho catequético dos missionários. Mas em alguns casos de forma herética.
Finalmente aconteceu a grande invasão muçulmana, realizada através do estreito de Gibraltar. Em 711, o general Tárik derrotou os visigodos e avançou pelo interior da península, sua quase totalidade ficou sob domínio islâmico. Mas a grande expansão do domínio muçulmano e as rivalidades internas criaram condições para a fundação do califado independente de Córdoba. Embora houvesse enorme arabização, a população européia manteve-se predominantemente cristã. E foi exatamente o antagonismo religioso um dos principais motivos da luta para a expulsão dos mouros.
O processo de expulsão dos árabes durou sete séculos e ficou conhecido como a reconquista. Foi um verdadeiro movimento cruzadista no ocidente. Já no século VIII as lutas aconteciam. Refugiados nas montanhas do norte peninsular, grupos cristãos organizaram o Reino das Astúrias e, no século IX, junto com os reinos Cristãos então formados, Aragão, Castela, Navarra e Leão, aceleraram a luta contra os “infiéis”.
Nesse século, conseguiram significativas vitórias contra os mouros, contando com o auxilio de muitos nobres franceses, engajados na guerra santa, mas também desejosos de receber terras em troca dessa ajuda. Eram, geralmente, os secundogênitos de muitas famílias feudais, principalmente da Borgonha, localizada no leste da França.
Um deles, D. Henrique de Borgonha, recebeu terras que correspondia ao Condado Portucalense, região compreendida entre o Minho e o Douro. Em 1114, morreu D. Henrique de Borgonha. Seu herdeiro, D. Afonso Henriques se proclamou rei de Portugal. Alguns anos depois a igreja e os castelhanos reconheceram o nascimento do novo reino ibérico. A independência estava consolidada, apesar de eventualmente os castelhanos tentarem unificar toda a península sob seu domínio político.
A reconquista prosseguiu e o novo rei conseguiu expulsar os mouros do território sul, apossando-se de novas terras. Obteve a ajuda dos cruzados, que iam para o Oriente, na libertação de Lisboa. A monarquia portuguesa recém criada possuía características próprias que a diferenciavam das demais. O rei mantinha os poderes políticos centralizados.

O GOVERNO DA DINASTIA DE BORGONHA (1139-1383)

Os descendentes de Afonso Henriques governaram Portugal até o século XIV. Durante a sua administração, foi organizada a administração do reino com a instituição das Cortes, assembléias às quais compareciam representantes do clero, da nobreza e da burguesia. A região de Algarves, ao sul, até então sob domínio mouro, foi conquistada e incorporada.
A centralização monárquica ocorrida em Portugal possibilitou o desenvolvimento econômico, político e cultural do reino. Nessa época foi fundada a Universidade de Coimbra, colaborando para a identidade nacional. A população continuou crescendo e consolidando a posse do território. O comércio foi intensificado através dos contatos com os comerciantes do norte da Europa e da Itália.

CRISE DO SECULO XIV E SEUS REFLEXOS EM PORTUGAL

Durante o século XIV, a Europa foi atingida por uma série de desgraças, chamadas “crises do século”. Muitas cidades atingidas pela Peste Negra foram abandonadas e os campos já não produziam o suficiente. As rotas terrestres, conectando comercialmente Flandres e Itália, passando pela região de Champanha na França, tornaram-se mais inseguras, por causa da Guerra dos Cem Anos e do banditismo. Caravanas eram pilhadas e castelos queimados pelos camponeses revoltados.
A solução foi substituir a rota terrestre pela marítima. As mercadorias passaram a ser transportadas preferencialmente em navios, utilizando o Estreito de Gibraltar, contornando a Península Ibérica e alcançando o Mar Norte. O porto de Lisboa se transformou num importante entreposto comercial.
As trocas comerciais entre o Mediterrâneo e o mar Norte beneficiaram os mercadores portugueses, enriquecendo-os. Mas a expansão econômica necessitava do apoio governamental.

O GOVERNO DA DINASTIA DE AVIS (1385-1580)

O rei D. Fernando faleceu em 1383. Sua filha herdeira, D. Beatriz, era casada com D. João I, rei de Castela, que tinha pretensões de anexar Portugal, para concretizar mais uma etapa no sentido da unidade política da península. A nobreza portuguesa, que tomou partido de D. Beatriz, era um obstáculo ao desenvolvimento comercial pelo seu parasitismo e privilégios.
A burguesia era contraria a anexação do reino por Castela. A liberdade política era fundamental para a continuidade dos seus negócios. A plebe urbana era manobrada pelos mercadores, que apoiavam o Mestre de Avis, irmão bastardo do falecido rei D. Fernando.
Em 1385 as cortes reunidas em Coimbra elegeram D. João, o mestre de Avis, rei de Portugal. Logo após, os inimigos foram batidos na principal batalha, a de Aljubarrota. Iniciava-se o governo da Dinastia Avis. A burguesia, instalada no poder, consolidava sua aliança com o rei, antes de qualquer outro Estado Moderno Europeu. O principio da autoridade real prevalecia e o trabalho de codificação das novas leis completou-se no reinado de Afonso V, em 1446, com as Ordenações Afonsinas.

História Moderna

AS MONARQUIAS NACIONAIS

O estado moderno centralizado e absolutista foi resultado da aliança entre burguesia e realeza. A burguesia contribuiu com dinheiro, para que o monarca pudesse manter um exercito nacional permanente, contratar funcionários e estabelecer a unidade jurídica, monetária e tributária.

Os funcionários reais, aos poucos, passaram a exercer funções anteriormente desempenhadas pelos senhores feudais. O rei impôs seu direito de nomear juízes e cobradores de impostos, geralmente pessoas pertencentes à burguesia.

Por outro lado, assembléias nacionais, que representavam os estamentos sociais, foram criadas, como o Parlamento na Inglaterra, no século XIII, e os Estados Gerais na França, no século seguinte.

CENTRALIZAÇÃO MONARQUICA NA FRANÇA


       A centralização se acelerou no reinado de Felipe Augusto (1180 a 1223), na dinastia dos Capetos, ao combater e derrotar os reis ingleses, senhores feudais de boa parte do território francês, por direito de herança. As guerras estimulavam o sentimento nacional. Para ampliar sua autoridade, Felipe Augusto nomeou funcionários reais para a aplicação da justiça e cobrança de impostos, como os bailios e os senescais; seu sucessor, Luis IX (1223 a 1226), impôs a moeda real em várias regiões da França e aumentou o poder dos tribunais reais; Felipe IV, o Belo (1285 a 1314), governou com juristas que eram adeptos da noção de Estado do direito Romano. Combateu o poder do Papa, alegando que a igreja interferia nos assuntos internos da França, determinando a prisão do papa Bonifácio VIII. Assim, de 1308 a 1378 os papas ficaram sob tutela dos reis da França, em Avignon, episódio conhecido como o seqüestro de Avignon. Após a morte de Felipe o IV, ocorreu uma crise sucessória que levou a França à “Guerra dos 100 anos” (1337 – 1453)

       Duas foram as causas principais da guerra: a pretensão de Eduardo III, rei da Inglaterra, ao trono francês, por ser neto de Felipe IV, e a disputa pela região de Flandres, reivindicada pela França, mas com grandes investimentos ingleses especialmente no setor têxtil. A guerra foi travada em território francês e durou mais de cem anos, com vários intervalos. Envolveu na luta, principalmente a nobreza de ambos os países, que se enfraqueceu pela morte de muitos nobres, seu endividamento, abandono de suas propriedades. Foram utilizadas pela primeira vez, armas de fogo, como os canhões, que provocaram o declínio da cavalaria feudal e dos castelos. Durante o conflito, houve epidemias, como a Peste Negra, e muitas revoltas camponesas na França, chamada genericamente de Jacquerie. A grande beneficiada foi a burguesia que, apesar das dificuldades que o comércio enfrentou, lucrou com os empréstimos concedidos aos reis e à nobreza. A França, que conhecera muitas derrotas na primeira fase, recuperou-se posteriormente quando assumiu o comando das suas tropas a heroína Joana D’arc, ainda que acabasse prisioneira dos ingleses. Para quebrar o nacionalismo francês que ela encarnava, os ingleses a acusaram de bruxaria e heresia. Entregue a um tribunal eclesiástico. Joana foi condenada e morta na fogueira,em 1431. A guerra terminou em 1453 com praticamente todas as propriedades dos reis ingleses localizadas em território francês perdidas.

A CENTRALIZAÇÃO MONARQUICA INGLESA

       A monarquia inglesa iniciou sua centralização no século XII, quando Henrique II (1154 – 1189), de origem francesa, por meio de acordos e tratados, casamentos e guerras, ampliou seu poder de terras na França.
João Sem Terra

       Foram seus descendentes Ricardo Coração de Leão (1189 – 1199), que participou da terceira cruzada, e João Sem Terra, que foi obrigado a jurar a Magna Carta (1215), pela qual se criava um grande conselho que limitava o poder real. A Magna Carta proclamava as liberdades individuais, o direito de uma pessoa só cumprir pena de prisão após ser julgada e condenada por pessoas do seu grupo social que a cobrança de impostos só seria legal se aprovada por consulta. A magna Carta é um documento fundamental dos direitos e liberdades na Inglaterra.
       Em 1258, foram aprovados os Estatutos de Oxford, que determinavam a criação de uma assembléia composta de representantes dos clero, da nobreza e da burguesia, origem do parlamento. Mas os resultados da guerra dos Cem Anos restabeleceram a tendência para a centralização monárquica.  No transcurso guerra  assumiu o poder a Casa de Lancaster, que governou de 1399 a 1461 em meio as trágica derrotas inglesas. Após a guerra, a Inglaterra se envolveu em novo conflito, porém interno: a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), uma disputa entre as duas principais famílias nobres inglesas, York e Lancaster, ambas tendo em seus brasões uma rosa como símbolo heráldico.

       Depois de trinta anos de conflito, a guerra terminou quando Henrique de Lancaster se casou com Isabel de York, dando origem a uma nova dinastia, a dos Tudor. Com a nobreza enfraquecida, castelos arrasados e boa parte da população morta, Henrique VII pode se impor. Como a instabilidade política não interessava aos burgueses, pois os conflitos prejudicavam as atividades econômicas, eles apoiaram os Tudors, que representava ordem, paz, segurança e, sobretudo, apoio econômico.  
       A centralização se consolidou, com o triunfo do absolutismo e a expansão da economia no século XVI.

A CENTRALIZAÇÃO MONARQUICA NA PENÍNSULA IBÉRICA.

       A formação dos modernos Estados peninsulares foi resultado das lutas contra os mouros, como eram chamados os muçulmanos que aí viviam. A Reconquista durou vários séculos, iniciando-se a luta na região norte (Astúrias).

       No século X, já havia alguns reinos cristãos ibéricos, como Castela, Navarra, Leão e Aragão. A reconquista foi, na verdade, um verdadeiro movimento cruzadista ocidental, com a participação de nobres de outros países, desejosos de obter terras.
       A junção dos reinos espanhóis se concretizou no século XV, quando Fernão de Aragão e Isabel de Castela uniram seus domínios por meio de um casamento. Nascia assim, a moderna Espanha. As lutas dos reis católicos, como eram chamados, contra os mouros prosseguiram mais intensamente, finalizando-se me 1492, com a conquista de Granada, último território ibérico sob domínio mouro.

quarta-feira, junho 01, 2011

História das Américas


                       
                                     Incas


      Dinastia de soberanos do povo quíchua do antigo Peru, que provavelmente no século XII, fundaram um poderoso império, abrangendo Peru, Equador, parte do Chile e parte da Colômbia. Na época da chegada dos espanhóis, os Incas cobriam uma área de aproximadamente 4 mil quilômetros de extensão, com uma população de aproximadamente de 10 milhões de habitantes.

      Este império, era conhecido como o lugar das “Quatro Terras”, organizados em setores, divididos em unidades de 10 mil famílias, que por sua vez subdividiam em grupos de mil, cem e dez. Cada uma dessas unidades ficava sob a responsabilidade de um chefe, o Camayoc. Essas quatros regiões eram governadas por um funcionário especialmente designado e de ascendência aristocrata.

      A origem dos Incas é obscura, envolta de lendas e controvérsias. No entanto, a exemplo de outros grupos andinos, eles afirmavam proceder de uma pagarina, isto é, um núcleo ancestral tribal fundador. 

      A sociedade incaica apresentava-se bastante diferenciada, até mesmo dentro da própria dinastia, onde três grupos de parentescos se distinguiam: o do soberano (Sapa – inca), o das concubinas do rei e de suas esposas. Esses dois últimos formavam a aristocracia, e delas saiam os altos dignitários religiosos, militares e políticos, batizados pelos espanhóis de Orejones, por usarem grandes brincos pendurados nas orelhas. Abaixo havia os caciques regionais, os (curacas) e funcionários qualificados. Na seqüência havia os camponeses, artesãos, e , por último, os escravos oriundos da guerra e da conquista. Havia também um tipo de servos, os yanaconas, que dava prestígio para quem os possuía. 

A população vivia em pequenas comunidades agropastoris, localizadas nas aldeias, cada uma habitada por um conjunto de famílias os Ayllu,  elemento essencial no qual estava assentado os fundamentos econômicos da sociedade. Seus campos eram coletivos, isto é, cada família poderia dispor deles livremente, ao contrario das terras destinadas ao plantio, que eram distribuídos pelo Estado em usufruto, até a extinção dos seus possuidores. As formas de solidariedade presente refletiam a realidade há muito existente no campesinato andino. Tais circunstancias não impediam, porém que os membros do Ayllu fossem obrigados a prestarem serviços públicos.

      O soberano fixava a vida particular dos membros da sociedade. Determinava a data de casamento, a data dos cultos religiosos e mesmo a época das viagens e das trocas de domicílio. Além disso, havia a mita, que posteriormente foi adotada pelos espanhóis, que são dias de trabalho nas terras dos Curacas. Outro traço marcante da administração Inca eram os recenseamentos minuciosos, que possibilitava o controle demográfico.

      O principal centro administrativo do império era Cuzco, que no seu apogeu contava com mais de 50 mil habitantes. O poder imperial dificilmente era transmitido sem crises ou guerras. Isso porque não havia nenhuma regra de sucessão, “o poder não era objeto de devolução, mas de conquista”. Toda vez que um reinado terminava, sucedia um período de caos. Tais circunstancias, constituiu fator básico para que os espanhóis conseguissem dominar o império Inca.