sexta-feira, julho 20, 2012

laissez-faire laissez-passer le monde va de lui-même


Baixou um espírito estranho em mim nesse mês de julho, como se por escolhas involuntárias quisesse retornar ao mesmo tempo a um período vivido e outro esquecido, como se eu pudesse, ao menos nesse mês experimentar um sentimento de esquecimento e liberdade.
 
As escolhas não foram planejadas e nem vieram por meio de livros, foi primeiro a música e depois o cinema, no final era os dois juntos. Tudo começou com exibição do show do Criolo, a impressão que tive da música, de todo conjunto, era a reunião de todas as influências musicais que talvez o Criolo tivesse ouvido em sua adolescência e infância, e que por uma inconsciência, passaram a ser as minhas influências. Exemplo sabe quando você é criança e está dormindo e é acordado pelo som do vizinho, em seu ouvido insensível isso passa sem atenção, mas nos ouvidos do Criolo parecem que “fotografaram” esse tipo de música, todas as influencias condensadas. 
 
 O outro momento foi quando resolvi assistir novamente, "O Fabuloso destino de Amélie Poulain", tudo é tão simples, pueril e engraçado, a desatenção com os prazeres realmente verdadeiros. Contudo a trilha sonora do filme, composta por Yann Tiersen, é o meio, é o interregno, é o período necessário para se sentir bem, nostálgico, letárgico. 
 
As férias não tinham chegado à sua segunda semana, quando aluguei Into the Wild, não sei por que demorei tanto para assistir esse filme? Deve ser essa força essencial a tudo, chamado acaso, que impediu que eu tivesse acesso anteriormente, mas também lavei a alma, assisti três vezes antes de entregar, o filme é uma tragédia grunge, com seu herói virtuoso, impecável, sua jornada é tomada por dor, sofrimento, alegria e morte. O filme só é perfeito pela trilha sonora que o acompanha de autoria de Eddie Vedder. Não consigo tirar a letra da minha cabeça. “É uma mistério para mim. Que há uma ganância comum a todos, quanto mais se tem mais se deseja ter, e que isso não significa estar-se livre.” É fantástico.
  
Para concluir essa minha experiência visual e auditiva libertária, fui no cinema assistir On the Road, que traz o jazz bebop, o território continental dos Estados Unidos  e suas estradas como desafio imediato transformando aquele que quisesse percorrê-lo. Aparecem os desejos, o corpo, a sexualidade de toda uma geração beatnik e o melhor pensamento extraído do filme; "E me arrastei, como tenho feito em toda a minha vida... indo atrás das pessoas que me interessam... porque os únicos que me interessam são os loucos... os que estão loucos pra viver, loucos pra falar... que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e não falam obviedades... mas queimam, queimam, queimam como fogos de artifícios no meio da noite." Pequenos são os espaços do tempo, pequeno é o desejo para se conseguir o que quer. Grande são as imposições, obrigações e funcionalidades. Mas vale e valeu nesse curto intervalo ter revivido um desejo antigo da humanidade, o de se sentir livre.
 É incrivel como o lema que batizou o sistema capitalista, laissez-faire laissez-passer, também pode ser usado como um bisturi, tentando romper as amarras que todos dias nos faz refém, do bem, do capital, do acúmulo e do salário.



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