sexta-feira, dezembro 21, 2012

Assassins Creed





"Ezio descobriu que a escultura a ser inaugurada era uma estátua de bronze de Davi, o herói bíblico com quem Florença se identificava, uma vez que a cidade estava situada entre dois Golias - Roma ao sul e os reis da França, famintos por terra, ao norte. Havia sido encomendada pelos Médicis e deveria ser instalada no Palazzo Vecchio. O mestre começara a trabalhar nela trêsou quatro anos antes, e havia um boato de que o rosto tinha sido modelado com base em um dos mais belos jovens aprendizes de Verrocchio na época - um certo Leonardo da Vinci."

 
Veneza, La Sereníssima, alheia ao resto Itália e com frequência mais voltada ao Oriente do que ao Ocidente, tanto por causa do comércio quanto por apreensão, pois naquela época os Turcos Otomanos dominavam até a costa norte do Mar Adriático. Falou da beleza e da traição em Veneza, da dedicação da cidade a fazer sua construção estranha – uma cidade de canais abertos a partir dos pântanos e erguida sobre uma fundação de milhares de colunas enormes de madeira -, de sua independência feroz e de seu poder político: não fazia nem trezentos anos que o doge de Veneza havia empreendido uma cruzada inteira a partir da Terra Sagrada para servir seus propósitos, acabar com toda a competição comercial e militar e a oposição à sua cidade-estado e deixar o Império Bizantino de joelhos. Falou dos locais afastados, secretos e sombrios, dos palazzi iluminados por velas, do curioso dialeto italiano que era ali falado, do silencio que pairava, do esplendor  berrante, dos magníficos pintores – e de quem o príncipe era Giovanni Bellini, que Leonardo estava louco para conhecer  -, da musica, dos festivais de máscara, da capacidade que os moradores tinham de aparecer e se mostrar, de sua maestria da arte de envenenar.

Veneza em 1481, sob o governo estável do doge Giovanni Mocenigo, era no geral um bom lugar para se estar. A cidade estava em paz com os Turcos e prosperava, as rotas de comércio marítimas e terrestre eram seguras, e apesar de as taxas de juros serem confessamente altas, os investidores eram confiantes e os poupadores estavam satisfeitos. A igreja ali era abastada, e os artistas prosperavam sob o duplo patrocínio de patronos espirituais e laicos. A cidade, rica graças ao saque volumoso a Constantinopla depois da Quarta Cruzada, que fora desviada do seu verdadeiro objetivo pelo doge Dandolo, deixara Bizâncio de joelhos  exibia sem vergonha a pilhagem: os quatro cavalos de bronze disposto ao longo da fachada da Basílica de São Marcos eram apenas os itens mais óbvios.

Toda a liberdade de oportunidade só leva a mais crimes! Precisamos garantir que o Estado controle todos os aspectos da vida das pessoas, que ao mesmo tempo deixe em paz os banqueiros e os investidores particulares. Dessa forma a sociedade poderá florescer. E, se aqueles que forem contra tiverem de ser silenciados, então é o preço do progresso. Os assassinos pertencem a uma época que já passou. Não percebem que é o Estado que importa, não o indivíduo.
"Como é tão vã toda nossa esperança,
como uma falácia nossos planos em desnudo,
como no mundo reina a ignorância
nos mostra a Morte, mestra de tudo.
Para uns o dia passa em canto, torneio e dança,
uns dedicam talento às artes e estudo,
uns desdenham o mundo e suas coisas em andanças,
outros transformam o sentimento em algo mudo.
Pensamentos e desejos vãos de diversa sorte
pela sabedoria que a Natureza afigura
predominam no mundo errante:
toda coisa é fugaz e pouco dura,
tanto a fortuna quanto o mal constante.
Uma coisa permanece sempre mensura: a morte."
Lorenzo de Medici

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